quinta-feira, 27 de março de 2014

Um russo, um gaúcho, duas obras e uma mensagem.

Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo, e A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói, são duas obras distintas, mas com um universo em comum.

Seus protagonistas, Ivan e Eugênio, dividem notória semelhança. Ambos dedicam sua existência à ambição, ao desejo desmedido pelo material e status social. Casam-se por conveniência e levam uma vida fútil e vazia.

Chega um momento, contudo, em que ambos abrem os olhos e começam a buscar um elo, um resquício de humanidade em si próprios, irresignando-se.

No fundo as duas obras demonstram o que a inversão de valores acarreta na existência do ser humano. A cada dia perde-se mais a sensibilidade, o encantamento, a compaixão e a leveza. É a procura da felicidade no ter e não no ser. Impera o egoísmo e a futilidade em meio a sofrimento e gritos de socorro.

Busca-se a poesia da vida fora da vida.


Que a humanidade, ao contrário do personagem de Tolstói, não espere o sussurro da morte para, enfim, acordar.




"Quem, de três milênios,
Não é capaz de se dar conta
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo."
Goethe

quarta-feira, 12 de março de 2014

"Uma pessoa com coragem e fé nunca morrerá na desgraça" - Anne Frank

Férias de inúmeras leituras e infinitos universos. Tudo que li recomendo: Galeano com as Veias Abertas da América Latina (livro absolutamente obrigatório), Érico Verissimo e seus Lírios do Campo, Tolstoi com A Morte de Ivan Ilitch, Kafka e seu Processo, A última Grande Lição, Wilde com o Retrato de Dorian Gray, Mario Vargas Llosa vencedor do Nobel de literatura com as travessuras da menina má... Mas quem sem a menor dúvida deixou a maior lição foi uma pequena jovem judia, escondida num sótão intitulado Anexo Secreto, numa Amsterdã em período de holocausto, por nada menos que dois anos inteiros. Não houve Tolstoi, Oscar Wilde ou Érico Veríssimo que tenha conseguido mexer tanto comigo como essa menina.

Anne Frank vive tudo de um jeito inusitado. É uma menina inspiradora. As condições em que se encontra não fazem com que perca a fé, pare de sonhar ou que sinta raiva, mas sim só aumentam a esperança, amor pela liberdade e pelas coisas mais simples da vida.

Em meio à guerra e destruição, Anne relata em seu diário a vontade que tinha de fazer a diferença no mundo e trabalhar pela humanidade, fazendo com que sua voz fosse ouvida.

“Em tempos assim fica difícil; ideais, sonhos e esperanças crescem em nós, somente para ser esmagados pela dura realidade. É um espanto que eu não tenha abandonado todos os meus ideais, já que parecem tão absurdos e pouco práticos. Mas me agarro a eles porque ainda acredito, a despeito de tudo, que no fundo as pessoas são boas. Para mim é totalmente impossível construir a vida sobre um alicerce de caos, sofrimento e morte. Vejo o mundo ser lentamente transformado numa selva, ouço o trovão que se aproxima e que, um dia, irá nos destruir também, sinto o sofrimento de milhões. E mesmo assim, quando olho para o céu, sinto de algum modo que tudo mudará para melhor, que a crueldade também terminará, que a paz e a tranqüilidade voltarão. Enquanto isso, devo me agarrar aos meus ideais. Talvez chegue o dia em que possa realizá-los.”

Infelizmente, graças a Hitler, Anne morreu aos 15 anos num campo de concentração e não pôde viver para ver seus relatos inspirarem a vida de milhares de pessoas. Contudo, o sonho de ter sua voz ouvida foi e ainda é realizado a cada novo leitor que folheia as páginas de seu diário.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

"A Metamorfose" de Franz Kafka

   

“A Metamorfose” é um livro que foi escrito em 1912, por Kafka, e que nos tempos atuais ainda consegue funcionar como um tapa na cara.
Na minha percepção, Kafka aborda nessa obra duas problemáticas sociais: primeiro as aparências, demonstrando como o todo social é movido por elas, e, segundo, como o ser humano estabelece que todas as coisas do universo devem ter uma funcionalidade, uma finalidade, caso contrário são imprestáveis.
Quando Gregor sofre a metamorfose, se transforma em um ser que, aos olhos da família e do contexto social, não tem mais utilidade, fazendo com que os sentimentos e relações se evaporem e a família só queira se livrar dele.
Primeiramente a situação de Gregor é tida como libertadora para ele, tendo em vista que se desincumbe da obrigação do trabalho que não suporta, só o fazendo para prover o sustento da família e de suas regalias. Já num segundo momento, passa a se tornar aprisionadora, pois com sua transformação passa a ser desprezível para todos, sendo trancafiado para sempre.  
Os anseios de Gregor, como a solidão e o sentimento de exclusão pelo sistema, são percebidos corriqueiramente no homem contemporâneo, eis que a seleção “natural” elimina quem não produz.
Esquecem-se os verdadeiros valores frente a uma esmagadora pressão social que faz com que as relações sejam de aparências, imperando o egoísmo e falta de solidariedade para com o próximo.  



Rafaela.

domingo, 10 de março de 2013

Trilogia Millennium, de Stieg Larsson

"Stieg Larsson foi um dos mais influentes jornalistas e ativistas políticos suecos. À frente da revista Expo, fundada por ele, denunciou organizações neofascistas e racistas. Por causa de sua atuação na luta pelos direitos humanos, recebeu várias ameaças de morte. Em 2004, pouco após entregar aos seus editores a trilogia Millennium, morreu vítima de um ataque cardíaco."

Não havia como ser diferente nos livros dele, um reflexo do que foi a própria vida lutando contra questões imorais, antiéticas e criminosas que presenciou. A trilogia Millennium foi o legado que Stieg Larsson deixou à humanidade.

Romance policial sueco, marcado por questões fortes que facilmente são encontradas no dia a dia, e que devem sim ser trazidas à tona, a trilogia desenvolve seu enredo de forma a envolver, instigar e surpreender o leitor. Desses livros bons que se contam nos dedos, certamente. 


Rafaela.



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

"Naquele dia, nos céus de Barcelona, o fantasma de Gaudí esculpia nuvens impossíveis sobre um azul que dissolvia o olhar."

Mais uma vez Carlos Ruiz Zafón presenteia a literatura!
Como em A Sombra do Vento, dessa vez não foi diferente, a obra envolve o leitor desde o início, surpreende e emociona.
Essa é a história de um segredo que Óscar Drai guardou a sete chaves no sótão de sua alma e que quinze anos depois voltou a sua memória. "Cedo ou tarde o oceano do tempo nos devolve as lembranças que enterramos nele".

Continuo a afirmar que é um mistério pra mim como uma única mente pode ter tanta criatividade pra criar algo assim.

Marina. Recomendo!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

The Rescue


Quando eu comprei esse livro, me disseram que em português era Noites de Tormenta, mas na verdade não era. Então ainda não descobri se ele tem tradução. Esse foi o primeiro livro do Nicholas Sparks que eu li. Talvez por eu ter achado que ia ser muito melodramático que eu tenha me surpreendido tanto.
Denise, mãe solteira de um menino de 5 anos, Kyle, vive sozinha enfrentando muitas dificuldades. Kyle tem um atraso de desenvolvimento que faz com que Denise dedique sua vida exclusiva e incansavelmente para ensiná-lo. Na verdade o personagem Kyle é inspirado no filho do autor, que passou pelas mesmas dificuldades.
Contudo, a vida de Denise se transforma numa noite de tempestade quando ela sofre um acidente de carro. Taylor McAden, a encontra e no momento em que ela acorda, nota que Kyle não estava mais no banco de trás. Taylor se vê numa incansável busca no meio do pântano para encontrar o menino.
Taylor, voluntário da equipe de resgate, tem cicatrizes antigas que não o deixam estabelecer relações por muito tempo. Por se culpar pela morte do pai, passa a vida salvando outras pessoas, sem se permitir salvar a si mesmo.
Essa é uma história emocionante de dedicação, amor, angústias, muitas dificuldades e obstáculos a serem superados. Recomendo.
Rafaela.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

“ Os mais belos sonhos nascem no terreno da humildade e crescem no solo do inconformismo.”


O Vendedor de Sonhos é um livro que deveria ser lido pela humanidade inteira! É encantador, e diz coisas que todo ser humano deveria refletir. Me fez realmente parar pra pensar em como vivemos e como nos deixamos ser servos passivos do sistema social. Concordo em gênero, número e grau com Augusto Cury, logo no prefácio, quando ele diz que os jovens se tornam, apesar das exceções, consumidores de produtos e serviços e não de ideias. Não são arrebatados pelos sonhos e aventuras.

Esse livro mostra o quanto é essencial que tenhamos sonhos. Uma das minhas passagens preferidas, diz: “Sem sonhos, os monstros que nos assediam, estejam eles alojados em nossa mente ou no terreno social, nos controlarão. O objetivo fundamental dos sonhos não é o sucesso, mas nos livrar do fantasma do conformismo.”

Outra coisa legal é que durante a trajetória do vendedor de sonhos, ele usa o método socrático para instigar as pessoas.

Também passei a ver o aspecto do processo de independência e ocupação de novos espaços pela mulher dentro da sociedade com novos olhos. “O sistema não as perdoou pela audácia. Preparou para elas a mais cafajeste e sorrateira das armadilhas. Em vez de exaltar sua inteligência e notória sensibilidade, começou a exaltar o corpo da mulher como nunca na história. Usou-o exaustivamente para vender produtos e serviços. Parecia que as sociedades modernas estavam querendo compensar milênios de rejeição. Ingênuo pensamento.” “Quando as mulheres pensavam que estavam voando livremente, o sistema tosou-lhes as asas com a síndrome da Barbie”.

Outras passagens:
“A espécie humana se fechou numa redoma artificial de egoísmo e consumismo”
“Sabíamos debochar da desgraça dos outros mas não aliviá-la”
“Comecei a entender que os egoístas vivem no calabouço das suas angústias, mas os que atuam na dor dos outros aliviam a própria dor.”
“Perdemos a leveza do ser. Parecíamos zumbis engessados pelos nossos pensamentos estreitos. Fomos educados para trabalhar, crescer, progredir e infelizmente também para ser especialistas em trair a nossa essência no diminuto parêntese do tempo em que existimos.”

Num tempo em que as pessoas dão grande relevância ao dinheiro, espero que assim como eu, muitas pessoas também sejam agraciadas com a história desse misterioso e humilde caminhante, que vive por aí vendendo coisas preciosas que o dinheiro não pode comprar: sonhos.



Rafaela.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"Enquanto os outros se lembram de nós, continuamos vivos"


Não é a toa que A Sombra do Vento teve mais de 6,5 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Uma história ambientada em Barcelona, começando em 1945, descreve as ruas, avenidas e os casarões, de modo com que o leitor possa visualizá-los. Sem dúvida, um dos melhores livros que já li. Carlos Ruiz Zafón, autor, consegue prender o leitor do início ao fim e surpreender. É um mistério pra mim como uma única mente pode ter tanta inspiração pra escrever uma história como essa. A obra que em primeiro lugar envolve suspense, também é composta de romance, tragédia, humor inteligente e mistério. Dessa vez não me atrevo a contar a história, pois acredito que em A Sombra do Vento o leitor precisa se surpreender sozinho, desde a primeira página.
Recomendo.

Rafaela.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Vivendo em um paraíso misterioso

Bom, Um certo verão na Sicília traz a história de Tosca Brozzi, proprietária de um encantador e envolvente refúgio de mulheres viúvas, mães solteiras situado no interior da Sicília. Esse livro de memórias trata de maneira realíssima as sensações da autora Marlena De Blasi. Tive uma enorme vontade de viver naquela terra de aromas, sabores e tradições místicas muito bem descritas. Todavia, a Villa Donnafugata, como era chamado o local, é o resultado de uma história de amor, dor, trabalho, amizade... A protagonista escolhe Marlena para revelá-la, "contada em sessões diárias debaixo de uma magnólia". Me senti acolhida nas montanhas da ilha, mesmo com o silêncio intrigante que repousa entre os sicilianos.
Por enquanto é isso e recomendo pra quem procura a tranquilidade dos campos e colinas!
Beijos,
Fernanda

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O Pequeno Príncipe


É tão fofinho o Pequeno Príncipe! É um livro bem simples, mas que faz as "pessoas grandes" tentarem ver o mundo da mesma forma que uma criança o vê: Sem ter que ver números como prova para acreditar em algo, sem ter falta de imaginação, e acreditando que o melhor da vida não está nas coisas materias.

Algumas das melhores frases: "Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos'' ; "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" ; "Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que a fez tão importante" ; "O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca"; "Os olhos são cegos. É preciso ver com o coração..." ; "Poucas pessaos se ocupam de coisas que não sejam si mesmas."

É isso.. O pequeno príncipe é o livro ideal pra quem ta bem perdido, tentando encontrar a felicidade só nas coisas insignificantes materiais e não na simplicidade, nas pessoas, nos amigos.

Rafaela.

A Cabana

Eu tava louca pra terminar de ler esse livro e postar sobre ele. Mas juro que agora que terminei simplesmente não sei o que dizer exatamente.. O livro tem uma mensagem universal. É inspirador imaginar o planeta do jeito que um dia Mack acredita encontrar: uma revolução de amor e gentileza num mundo que tem fome de reconciliação e de um local qeu possa chamar de lar. Enfim, é um livro que tenta passar a mensagem de que as pessoas amem mais umas as outras, perdoem mais e peçam perdão, acreditem na mudança, não julguem uns aos outros e nem se relacionem de forma hierárquica.
" Todas as vezes que você perdoa o universo muda; cada vez que você estende a mão e toca um coração ou uma vida, o mundo se transforma; a cada gentileza e serviço visto ou não visto, os propósitos de Deus são realizados e nada jamais será igual."
Acho que era isso.

Rafaela.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

".. Ela era a roubadora de livros que não tinha palavras.

.. Mas, acredite, as palavras estavam a caminho, e quando chegassem, Liesel as seguraria nas mãos feito nuvens, e as torceria feito chuva. "

Essa é uma história encantadora! "A Menina que Roubava Livros" é capaz de emocionar todo e qualquer leitor.
Liesel Meminger, a "roubadora de livros" tem três encontros com a Morte, e consegue escapar de todos eles. Por conta disso, a própria Morte resolve contar a história.
No cenário triste e derrotado da Alemanha no período de Hitler, Liesel é levada para viver com Hans e Rosa Hubermann. Sua mãe, por não ter condições de cuidá-la, entregou a filha para esse casal. Seu irmão que a acompanharia, faleceu de hipotermia a caminho da casa dos Hubermann. É no enterro dele que Liesel faz seu primeiro furto: um livro chamado "o manual do coveiro". A partir daí, ela não pára mais de roubar livros e de se apaixonar pelas palavras.
Essa é uma história que envolve fatos históricos e mostra muito bem o modo como as pessoas tinham de viver e a quê tinham de se submeter para não pôr a vida da família em risco. Além disso, há personagens muito interessantes, que em meio ao caos são capazes de tornar a vida possível e mais harmoniosa: Rudy, melhor amigo de Liesel, e talvez seu possível amor; Max, o judeu escondido no porão, e Hans, o pai sensível e cheio de princípios.

"Os seres humanos me assombram"!


Rafaela.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Vendendo sonhos...

Vivemos em um hospício global. Será um louco o mais sábio de todos os seres? O livro "O Vendedor de Sonhos" de Augusto Cury descreve o louco cotidiano de pessoas obcecadas por um estilo de vida desprovido da verdadeira alegria de viver. É "vendendo sonhos" que um homem sem rumo certo (ou melhor, um homem tentando se encontrar, saber quem é) transforma a rotina de muitas pessoas da forma mais simples. Com um final emocionante, o psiquiatra Augusto Cury envolve o leitor por meio de muita reflexão. Esse não é um livro de auto-ajuda, e sim um romance rico de situações que nos faz parar para pensar. "Nada tão belo e tão estranho..."
É um mistério que merece ser desvendado! Agora preciso ler o segundo volume.
Estou adorando isso, aguardem novos posts!

Beijão,
Fernanda

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010