Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo, e A morte de
Ivan Ilitch, de Tolstói, são duas obras distintas, mas com um universo em
comum.
Seus protagonistas, Ivan e Eugênio, dividem notória
semelhança. Ambos dedicam sua existência à ambição, ao desejo desmedido pelo
material e status social. Casam-se por conveniência e levam uma vida fútil e
vazia.
Chega um momento, contudo, em que ambos abrem os olhos e
começam a buscar um elo, um resquício de humanidade em si próprios,
irresignando-se.
No fundo as duas obras demonstram o que a inversão de
valores acarreta na existência do ser humano. A cada dia perde-se mais a
sensibilidade, o encantamento, a compaixão e a leveza. É a procura da
felicidade no ter e não no ser. Impera o egoísmo e a futilidade em meio a
sofrimento e gritos de socorro.
Busca-se a poesia da vida fora da vida.
Que a humanidade, ao contrário do personagem de Tolstói, não
espere o sussurro da morte para, enfim, acordar.
"Quem, de três milênios,
Não é capaz de se dar conta
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo."
Goethe
Que linda relação, Rafa!! Muito boa, mesmo... beijão!
ResponderExcluirEsses livros são muito bons... a visão poética realmente faz despertar! Quanto à humanidade, acho que não vale a pena esperar por nada... o indivíduo deve fazer por si. Boa citação final, parabéns!
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