quinta-feira, 27 de março de 2014

Um russo, um gaúcho, duas obras e uma mensagem.

Olhai os lírios do campo, de Érico Veríssimo, e A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói, são duas obras distintas, mas com um universo em comum.

Seus protagonistas, Ivan e Eugênio, dividem notória semelhança. Ambos dedicam sua existência à ambição, ao desejo desmedido pelo material e status social. Casam-se por conveniência e levam uma vida fútil e vazia.

Chega um momento, contudo, em que ambos abrem os olhos e começam a buscar um elo, um resquício de humanidade em si próprios, irresignando-se.

No fundo as duas obras demonstram o que a inversão de valores acarreta na existência do ser humano. A cada dia perde-se mais a sensibilidade, o encantamento, a compaixão e a leveza. É a procura da felicidade no ter e não no ser. Impera o egoísmo e a futilidade em meio a sofrimento e gritos de socorro.

Busca-se a poesia da vida fora da vida.


Que a humanidade, ao contrário do personagem de Tolstói, não espere o sussurro da morte para, enfim, acordar.




"Quem, de três milênios,
Não é capaz de se dar conta
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo."
Goethe

2 comentários:

  1. Que linda relação, Rafa!! Muito boa, mesmo... beijão!

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  2. Esses livros são muito bons... a visão poética realmente faz despertar! Quanto à humanidade, acho que não vale a pena esperar por nada... o indivíduo deve fazer por si. Boa citação final, parabéns!

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